Tipos de Catarata: conheça os principais, causas e tratamentos

Um senhor no oftamologista, onde o médico está avaliando seus olhos com uma lanterna.

Os tipos de catarata se diferenciam em função da estrutura afetada ou dos fatores que contribuem para o seu desenvolvimento. Conhecê-las é fundamental para entender as características, o diagnóstico e o tratamento dessas doenças.

A catarata é uma doença ocular que afeta o cristalino, a lente natural do olho. Por diferentes fatores, esse cristalino se torna progressivamente mais opaco, prejudicando a visão do paciente. Em casos graves, a doença pode levar à perda da visão. 

Para se ter uma ideia da gravidade do problema, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 51% dos casos de cegueira do mundo são causados pela catarata.

Apesar da gravidade da doença, muita gente ainda acredita que a catarata é um problema ocular que atinge apenas os idosos. Mas isso não é verdade. 

Afinal, existem diferentes tipos de catarata, sendo que algumas variações da doença podem atingir pessoas de todas as idades, incluindo crianças.

Conhecer esses diferentes tipos é fundamental para entender os sintomas, o diagnóstico, o tratamento e até as formas de prevenção da doença.

Nesse artigo, explicaremos as diferenças entre os tipos de catarata e como eles afetam a visão das pessoas.

Quais os tipos de catarata?

Conforme explicado, existem diferentes tipos de catarata. Para facilitar a compreensão sobre as diferenças entre elas, é possível classificar o problema de acordo com as estruturas modificadas pela doença. 

Ela também pode ser classificada segundo os fatores que contribuíram para o seu desenvolvimento. Cada fator também influencia na sintomatologia e na evolução desse problema ocular. 

Além de características distintas, cada tipo pode exigir cuidados específicos. Por isso, conhecê-las é fundamental para entender seu diagnóstico e tratamento.

Conheça abaixo essas variações e os sintomas dos diferentes tipos de catarata.

Catarata congênita

A catarata congênita é uma doença identificada desde o nascimento do bebê ou durante seu primeiro ano de vida. Essa condição pode afetar apenas um olho (catarata congênita unilateral) ou os dois olhos (catarata congênita bilateral). 

Também conhecida como catarata infantil, essa condição pode ter origem multifatorial. Normalmente, ela é resultado de mutações genéticas ocorridas durante a gestação, causadas por infecções, como rubéola, ou abuso de certas substâncias, como álcool e drogas.

Um dos sinais mais importantes para o diagnóstico da doença é a pupila com aspecto esbranquiçado (leucocoria) em vez do reflexo róseo característico dos bebês recém-nascidos. Assim que for diagnosticada, a catarata congênita deve ser tratada o mais rápido possível. 

Durante as fases iniciais da doença, quando o problema não oferece risco ao bebê, o tratamento pode ser feito por meio do uso de colírios e óculos especiais. Porém, se houver risco de comprometimento à visão da criança, o tratamento deve ser cirúrgico.

Catarata traumática

A catarata traumática é uma doença provocada por lesões ou traumas oculares, como contusões ou perfurações. 

O problema ocorre por conta da inflamação e espessamento das fibras do cristalino, resultante do impacto da lesão. Isso provoca a perda da transparência do cristalino, que se torna opaco. 

Por esse motivo, o paciente pode desenvolver sintomas como visão nublada ou com excesso de brilho, alterações frequentes de erros de refração, visão dupla, dificuldade para dirigir e enxergar de perto, entre outros sinais.

Geralmente, a catarata traumática ocorre apenas no olho atingido pelo trauma. Como pessoas de qualquer idade podem sofrer um trauma ocular, não existe limite de idade para o desenvolvimento dessa catarata. Ou seja, todos podem desenvolvê-la.

Outra particularidade da doença é que ela pode demorar meses ou anos após o evento traumático para começar a se manifestar. 

Por isso, mesmo quando não há sinais da doença, pessoas que sofrem trauma ocular precisam fazer acompanhamento oftalmológico para, se necessário, fazer o diagnóstico precoce da catarata.

Seu tratamento consiste no uso de soluções para frear o desenvolvimento da doença, como colírios anti-inflamatórios, e a realização da cirurgia de catarata.

Catarata secundária

A catarata secundária é uma condição desencadeada por outros problemas de saúde, como diabetes e outras doenças que exigem uso prolongado de medicamentos. 

Medicações que contêm corticoides e esteroides, por exemplo, aumentam as chances de desenvolvimento da catarata secundária. Essa condição também pode ser resultante de outros problemas oculares, como glaucoma, uveíte e alta miopia.

Em casos raros, essa condição também pode ocorrer em pacientes que já se submeteram à cirurgia da catarata. Geralmente, o problema se desenvolve anos após a realização do procedimento.

Os sintomas são praticamente os mesmos associados à catarata traumática. Em todos os casos, a opacificação do cristalino deve ser tratada com cirurgia. 

Além disso, é necessário adotar medidas para tratar os fatores que desencadearam o problema. Controlar a diabetes, tratar o glaucoma ou trocar a medicação, por exemplo, são alguns dos cuidados que podem ser adotados.

Catarata senil

A catarata senil é resultado do processo de envelhecimento natural dos olhos. Ela se caracteriza pelo espessamento lento e progressivo do cristalino, que perde sua transparência no decorrer dos anos.

Por isso, ela também é chamada de catarata do idoso ou catarata da idade, condição comum principalmente em pessoas a partir dos 50 anos.

No entanto, o problema pode se agravar após os 60 ou 65 anos de idade, especialmente em pacientes que apresentam fatores de risco, como diabetes.

Pacientes diagnosticados com catarata senil desenvolvem sintomas semelhantes aos da catarata traumática e secundária.

Nos estágios iniciais da doença, o ideal é utilizar óculos de sol e de leitura, bem como investir na iluminação do ambiente para amenizar os sintomas. No entanto, em casos avançados, o único tratamento para essa condição é a cirurgia de catarata. 

Catarata subcapsular 

A catarata subcapsular se diferencia pelo local de desenvolvimento da doença, localizada na região da cápsula do cristalino. Ela pode ser classificada em dois tipos: posterior e anterior.

A catarata subcapsular posterior está localizada na frente da cápsula posterior. Essa condição está associada a pacientes que fazem tratamentos sistémicos nomeadamente, principalmente quando envolve o uso corticoides.

Já a catarata subcapsular anterior está localizada atrás da cápsula anterior. Nesse caso, o problema está relacionado à exposição contínua do paciente a atividades de risco, especialmente aquelas que envolvem exposição a altas temperaturas.

Portanto, a catarata subcapsular pode ser resultado de uma catarata secundária, uma vez que é causada por fatores como doenças crônicas e atividades de risco.

Por conta dessas características, esse problema ocular pode ser identificado até mesmo em pacientes novos e está associada a sintomas como dificuldade de enxergar objetos a curta distância e percepção de pequenos focos luminosos (brilho na visão). 

Catarata nuclear

A catarata nuclear é uma doença caracterizada pela opacificação do núcleo (centro) do cristalino. Isso provoca a perda da sua transparência, levando o paciente a desenvolver sintomas como perda da visão à distância e visão turva.

A coloração amarela na região da pupila é considerada um sinal diagnóstico da doença. Outra particularidade desse problema é que pacientes com catarata nuclear podem apresentar uma melhora da visão de perto nos estágios iniciais da doença. 

Isso ocorre por conta das mudanças no índice de refração da lente geradas pela catarata nuclear. Assim como nos demais casos, o tratamento desse tipo de catarata exige a realização de procedimento cirúrgico.

Catarata cortical

A catarata cortical é uma doença que ocorre no córtex do cristalino. Nos estágios iniciais, a opacificação do cristalino se manifesta como estrias esbranquiçadas no formato de cunha. 

Com o tempo, essas estrias crescem e avançam em direção ao núcleo ocular, dificultando a entrada de luz na região. 

Caso o córtex seja totalmente comprometido, esse tipo de catarata pode causar a perda da visão. Vale lembrar que essa doença é mais comum em mulheres e pacientes diabéticos.

Como é feito o diagnóstico da doença?

O diagnóstico da catarata deve ser realizado pelo oftalmologista, profissional capacitado para identificar os diferentes tipos da doença e prescrever o tratamento mais adequado para a condição do paciente.

Para fazer esse diagnóstico, o médico realiza alguns testes oftalmológicos. Além disso, ele analisa o histórico familiar do paciente, uma vez que a predisposição genética é um importante fator de risco para o desenvolvimento da doença.

Confira abaixo alguns dos principais exames realizados para diagnosticar os diferentes tipos de catarata.

Teste de acuidade visual

O teste de acuidade visual é popularmente conhecido como exame de vista. Neste teste, o médico coloca o paciente em frente a um diagrama com letras, números e formas em diferentes escalas a fim de averiguar se há alguma perda de visão em algum dos olhos.

Dessa forma, é possível medir a capacidade de cada olho enxergar formatos e objetos com nitidez. Ou seja, ele mede a capacidade funcional da visão do paciente. 

Exame da lâmpada de fenda

O exame da lâmpada de fenda, também conhecido como biomicroscopia, consiste no uso de um equipamento capaz de emitir um feixe de luz fino e intenso sobre o olho do paciente. 

O objetivo deste exame é analisar a integridade das estruturas frontais dos olhos do paciente, como córnea, íris e cristalino. Assim, é possível identificar quaisquer anormalidades ou indicações de problemas oculares que exijam maiores cuidados.

Mapeamento da retina

O exame de mapeamento de retina, conhecido como “exame do fundo do olho”, é um procedimento em que o oftalmologista analisa o fundo do olho e o cristalino com o auxílio de um aparelho chamado oftalmoscópio. 

Esse aparelho incide um feixe de luz nos olhos, permitindo que o médico identifique sinais de doenças oculares, incluindo a catarata. 

Para realizar esse teste, a pupila do paciente é dilatada com um colírio especial, medida que facilita a análise das estruturas oculares.

Teste do reflexo vermelho

O teste do reflexo vermelho é um exame realizado nos recém-nascidos em todas as maternidades do país. Também conhecido como teste do olhinho, sua realização é obrigatória, uma vez que permite diagnóstico da catarata congênita na primeira semana de vida do bebê.

Trata-se de um procedimento simples e indolor, em que o médico emite um feixe de luz nos olhos da criança em busca de sintomas que possam apontar para a presença da catarata. 

Quando o reflexo dessa luz possui cor avermelhada ou alaranjada, significa que as estruturas oculares do bebê estão bem preservadas. Caso contrário, é preciso submetê-lo a outros exames.

Quais os tratamentos indicados para cada tipo de catarata?

A cirurgia de catarata é o tratamento mais eficaz para todas as variações da doença. No entanto, a depender do estágio do problema ocular e da idade do paciente, o oftalmologista pode indicar soluções para atrasar o desenvolvimento da doença ou aliviar seus sintomas. 

É o caso de crianças com catarata congênita ou catarata traumática, por exemplo, que podem utilizar certos colírios e até acessórios como óculos de sol para proteger sua visão.

Mesmo assim, a cirurgia deve ser realizada antes que a doença atinja estágios avançados, que prejudicam a qualidade de vida do paciente.

Como é a cirurgia de catarata?

O procedimento consiste na remoção do cristalino opaco, que é substituído por uma lente intraocular. O procedimento é rápido, geralmente não dura mais que 20 minutos, e não exige internação. 

Por isso, o paciente pode voltar para casa no mesmo dia em que a cirurgia for realizada. A recuperação também é rápida e raramente envolve complicações. Cerca de 24 horas após o procedimento, o paciente já apresenta uma melhora significativa da visão.

No entanto, o sucesso da cirurgia também depende da colaboração do paciente. Afinal, ele precisa seguir as recomendações médicas durante o pós-operatório, como aplicar os colírios prescritos pelo médico, não esfregar os olhos, fazer repouso, entre outros cuidados.

Como prevenir o desenvolvimento da catarata? 

Não existem medidas preventivas capazes de evitar totalmente o desenvolvimento da doença. Afinal, fatores genéticos, o processo natural do envelhecimento e até outras doenças crônicas podem contribuir para o surgimento da catarata. 

Conforme explicado, essas são algumas causas por trás de problemas como catarata congênita, secundária e senil.

Apesar disso, com alguns cuidados simples, é possível evitar complicações e retardar o desenvolvimento da doença. Ou seja, eles contribuem para a prevenção de catarata em estágios iniciais.

Confira quais são esses cuidados a seguir: 

  • Adote um estilo de vida mais saudável, que inclua prática de exercícios físicos e alimentos bons para os olhos;
  • Use óculos de sol com proteção contra raios UVA e UVB se for se expor ao sol;
  • Pare de fumar;
  • Reduza o consumo de álcool;
  • Faça o tratamento correto para doenças sistêmicas, como diabetes e hipertensão;
  • Não utilize colírios sem orientação médica;
  • Consulte regularmente o oftalmologista, pelo menos uma vez ao ano.

Vale lembrar que a consulta ao médico oftalmologista é fundamental para acompanhar a sua saúde ocular e realizar exames preventivos. 

Dessa forma, é possível diagnosticar a catarata de forma precoce e iniciar o tratamento o mais rápido possível. 

Independentemente do tipo de catarata, lembre-se de que o diagnóstico precoce é a melhor forma de lidar com essa doença.

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Dr. Ricardo Filippo

Dr. Ricardo Filippo

CRM: 5281096-7 | RQE: 17512. Graduado em Medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ. Durante sua vida acadêmica, participou de dezenas de congressos e simpósios, no Brasil e no exterior, e ministrou diversas aulas sobre Oftalmologia. Veja informações sobre sua experiência na área.

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