Olho seco

diagnóstico e tratamento de olho seco

O globo ocular é uma das regiões mais sensíveis e delicadas do corpo humano. Uma das secreções corporais responsáveis por garantir a saúde e o bom funcionamento dessa estrutura corporal é a lágrima e, por esse motivo, quando sua produção está prejudicada, quem sofre com isso é a visão.

No artigo de hoje você vai conhecer um pouco mais sobre o olho seco: uma condição clínica que é provocada pelo ressecamento da superfície do olho, da córnea e do tecido conjuntivo, causada por falha ou falta de produção de lágrima ( deficiência na qualidade ou na quantidade de lágrima, respectivamente). Confira tudo sobre esse problema oftalmológico no texto abaixo e tire suas dúvidas!

O que é olho seco?

O diagnóstico de olho seco pode ser causado por vários motivos diferentes, que afetam de alguma maneira a qualidade da secreção lacrimal. As causas mais comuns desse quadro clínico são:

  • Doenças que reduzem a produção das glândulas lacrimais (Lúpus, artrite reumatoide e outras manifestações autoimunes ou sistêmicas);
  • Uso de medicações que afetam a produção lacrimal (Alguns antialérgicos e antidepressivos);
  • Fatores ambientais (Ar-condicionado, ventilador, clima seco, vento forte, fumaça, poluição);
  • Anormalidades na pálpebra ou das glândulas;
  • Processos inflamatórios locais (como as conjuntivites);
  • Uso constante de lentes de contato;
  • Uso prolongado do computador ou outras atividades que diminuem o ato de piscar e irrigar o globo ocular;
  • Doenças neurológicas e paralisias.

Você sabia que nos países de clima temperado essa condição é mais comum? Devido a um inverno mais intenso e prolongado, o frio e a falta de umidade ressecam o olho. Se você for visitar uma região temperada durante o inverno, como o norte dos Estados Unidos ou a Europa, marque uma consulta com o seu oftalmologista para verificar quais os cuidados específicos que você deve ter como prevenção. Pesquise também na internet, pois há vários blogs de viagem com diversas dicas!

Quais são os sintomas mais comuns desse quadro?

Você deve estar se perguntando o que uma pessoa que sofre com o diagnóstico de olho seco costuma sentir quando apresenta esse tipo de problema oftalmológico. Os sintomas mais comuns desse quadro clínico são a sensação de que existe um cisco no olho, alta sensibilidade à luz, ardência, coceira, vermelhidão, sensação de secura nos olhos e algumas distorções visuais.

Em situações mais graves e avançadas, o quadro pode evoluir para uma dificuldade constante de piscar os olhos e aumento da produção de muco na região.

Como é feito o diagnostico desse quadro?

Foram desenvolvidos diversos métodos para diagnosticar esse quadro. A base de todos consiste em o oftalmologista examinar o filme lagrimal e avaliar o chamado “tempo de ruptura da lágrima” (BUT ou Break-up Time). Valores inferiores a 10 segundos são sugestivos de disfunção ou falha na qualidade da lágrima.

Ele poderá também complementar o diagnóstico com os testes Rosa Bengala ou teste de Lissamina Verde e o teste de Schirmer.

Teste Rosa Bengala ou Lissamina Verde

Aplica-se um colírio com propriedades corantes e analisa-se a resposta das estruturas externas do olho. A diferente absorbância nos pontos secos e nos pontos normais indica as áreas afetadas. Esses corantes possuem a propriedade de corar as células desvitalizadas (doentes) do epitélio da córnea, sendo portanto muito importante no processo de investigação e diagnóstico da doença.

Teste de Schimer

No Teste de Schimer, comumente conhecido como Teste do Olho Seco, coloca-se uma tira de papel de filtro na região do fundo do saco conjuntival inferior. Após se passarem 5 minutos, verifica-se a quantidade de umedecimento da tira. Valores inferiores a 15 mm são considerados indicativos de uma possível patologia relacionada a olho seco.

Como é feito o tratamento desse problema?

Para tratar os sintomas de olho seco é preciso contar com a ajuda de medicamentos que atuam como lágrimas artificiais, lubrificando o globo ocular e reduzindo o desconforto causado pela ausência de secreções lacrimais naturais. Essas lágrimas artificiais podem ser encontradas no formato de colírios ou pomadas e são aplicadas diretamente no olho, resultando em alívio quase imediato na região.

É importante lembrar que o tratamento dos sintomas de olho seco com lágrimas artificiais é somente paliativo. Para ficar livre do problema de uma vez por todas, é preciso tratar o que está causando o ressecamento dos olhos, por isso, visite um médico oftalmologista para encontrar o tratamento ideal para você!

É possível evitar esses sintomas?

Para evitar sofrer sintomas de olho seco, pode ser interessante tomar alguns pequenos cuidados na sua rotina:

  • Valorize o uso de lentes corretivas quando tiver que usar o computador ou a TV por muito tempo e fique atento à frequência das suas piscadas;
  • Use óculos escuros para proteger seus olhos em dias de ventos fortes ou calor intenso;
  • Aplique colírios — receitados por seu oftamologista — em dias muito secos;
  • Fique atento aos sintomas que surgem após o uso de alguma medicação específica.

No dia a dia, o que você pode fazer para aliviar os sintomas?

Sugerimos algumas medidas simples, que aliviam a sensação de olho seco sem um tratamento farmacológico. Caso os sintomas persistam, deve-se procurar um oftalmologista. Nunca utilize colírios sem orientação médica, pois, apesar de serem facilmente comprados e aparentemente inofensivos, os colírios têm indicações bem restritas.

No entanto, enquanto você não puder se consultar com um oftalmologista e os sintomas estiverem insuportáveis, procure as lágrimas artificiais, em vez de um colírio.

1. Se você utiliza lágrimas artificiais com frequência maior do que quatro vezes ao dia, procure fórmulas sem conservantes;

2. Em casos mais graves, em que o olho seco atrapalha a qualidade do seu sono, utilize uma pomada lubrificante de vaselina oftálmica sem preservativo, que protegerá seu olho por mais tempo;

3. Se você dormir em ambientes com ar-condicionado, utilize uma máscara sobre os olhos para protegê-los;

4. Beba água com frequência para manter as suas mucosas (inclusive a mucosa ocular) hidratadas;

5. Evite bebidas alcoólicas e as que contenham cafeína, pois elas aumentam a secura dos olhos;

6. Use umidificador ou vaporizador para manter um nível confortável de umidade do ar no ambiente ( uma outra opção seria a utilização de uma bacia de água no recinto, como forma de aumentar a umidade do local);

7. Proteja os olhos da exposição ao vento, sol e poeira com produtos adequados — busque óculos com lentes certificadas! Não vale comprar nos chamados “camelôs”. Use apenas os produtos que ofereçam proteção contra raios UVA e UVB;

8. Use loções hidratantes na sua pele e soluções salinas no nariz, pois, assim, haverá um equilíbrio da hidratação de todas as mucosas.

Quer saber um pouco mais sobre o tratamento dessa e de outras doenças relacionadas à saúde ocular? Conheça os 6 acidentes oculares mais comuns no trabalho!

Dr. Ricardo Filippo

Dr. Ricardo Filippo

CRM: 5281096-7 | RQE: 17512. Graduado em Medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ. Durante sua vida acadêmica, participou de dezenas de congressos e simpósios, no Brasil e no exterior, e ministrou diversas aulas sobre Oftalmologia. Veja informações sobre sua experiência na área.

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