Glaucoma: Entenda o que é e como tratar

glaucoma o que é

São diversos os problemas de vista que podem surgir ao longo da vida. Um deles é o glaucoma, silencioso em seu início e capaz de causar cegueira quando não há um diagnóstico precoce e o tratamento adequado. Para preveni-lo, portanto, é essencial entender o que é glaucoma

O glaucoma é uma doença ocular crônica caracterizada pelo aumento da pressão intraocular, associada a alterações no nervo óptico. É considerada a segunda maior causa de perda da visão no mundo, ficando atrás apenas da catarata.

Neste artigo, veremos mais detalhes sobre a doença e quando é preciso buscar um tratamento para si ou para alguém próximo.

O que é glaucoma?

Como dissemos, essa doença é causada por lesões irreversíveis no nervo óptico, responsável por levar informações e sensações da visão ao cérebro. Este, por sua vez, realiza o seu processamento, gerando a identificação de cores, tamanho e formas, além de dados sobre a distância de objetos e pessoas e noções de espaço.

No glaucoma, como o nervo responsável por esses estímulos é lesado, há uma perda progressiva de campo visual, podendo levar à cegueira completa.

Quais são as suas causas?

As lesões no nervo óptico podem ocorrer por um aumento da pressão interna dentro do olho (pressão intraocular). Essa elevação da pressão, por sua vez, acontece por um desequilíbrio na produção ou na eliminação de um líquido que fica no interior dos olhos, o humor aquoso.

Como existem diferentes causas desse desequilíbrio, existem também vários tipos dessa doença, como veremos a seguir. Antes, no entanto, temos um vídeo com o Dr Ricardo Filippo que elucida diversas dúvidas sobre o Glaucoma. Assista agora mesmo:

Quais são os tipos da doença?

Para diferenciar os principais tipos da doença, é feita uma classificação de acordo com o ângulo que a íris faz com a córnea, pois o humor aquoso é produzido nessa região.

Quando o ângulo é mais estreito, com tendência a fechamento, temos o chamado glaucoma de ângulo fechado. Por outro lado, quando o ângulo é mais aberto, levando tempo para ocorrer o fechamento, temos o caso do tipo glaucoma de ângulo aberto.

Glaucoma de ângulo aberto

Esse é o principal tipo, correspondendo a 80% dos casos. Nessa forma, a doença ocorre de maneira silenciosa, retardando o aparecimento dos sintomas. Ao longo do tempo, porém, a pressão intraocular vai aumentando de forma crônica, e o dano ao nervo óptico é permanente.

Posteriormente, acontece a perda de visão periférica lateral, podendo evoluir para a chamada visão tubular e nos casos mais avançados até a cegueira. Esse tipo de glaucoma é hereditário e costuma acontecer a partir dos 40 anos.

Glaucoma congênito

Há ainda outro tipo raro e grave da doença que ocorre em crianças: o chamado glaucoma congênito, no qual o bebê já nasce portador dessa patologia, adquirida durante a gestação.

Os sintomas nesse caso são a excessiva sensibilidade à luz, lacrimejamento e irritação. Além disso, o olho pode parecer maior que o normal (buftalmo), porque a córnea fica esbranquiçada ou azulada.

Glaucoma secundário

Por último, tem-se o glaucoma secundário, que pode ser adquirido por trauma, inflamações, acidentes ou mesmo por uso de medicamentos com corticosteroides

Como são os sintomas do glaucoma?

O glaucoma é uma doença progressiva. Isso significa que, no início, ela quase não apresenta sintomas — e quando estes aparecem, vão se desenvolvendo gradativamente durante meses e anos. Entre os sintomas que podem ser observados estão:

  • Afunilamento do campo de visão;
  • Vermelhidão nos olhos;
  • Dor intensa no interior do olho;
  • Sensibilidade excessiva à luz;
  • Aparência inchada dos olhos;
  • Dores de cabeça, enjoo e náuseas.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico do glaucoma é dado pelo oftalmologista por meio de exames específicos. Como a doença tem caráter progressivo, quanto mais precoce for o diagnóstico melhor será o prognóstico, e maiores as chances de impedir o avanço da doença e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.

Entre os exames que podem ser solicitados estão:

  • Exame da pupila, útil para a verificação de lesão no nervo óptico;
  • Campo visual, que verifica a abrangência do campo visual do paciente;
  • Imagens do nervo óptico, que documenta a aparência desse nervo;
  • Resposta do reflexo da pupilar;
  • Tonometria, para medir a pressão ocular;
  • Exame com lâmpada de fenda, para a avaliação anatômica do olho;
  • Acuidade visual, que detecta alterações na visão. 

 Ausência de sintomas atrapalha diagnóstico precoce

Trata-se uma doença ocular caracterizada por alteração do nervo óptico, capaz de acarretar a um dano irreversível das fibras nervosas, havendo perda de campo visual. É apontada uma das principais causas de cegueira no mundo. Vários são os fatores de risco, mas o principal deles é o aumento da pressão ocular. 

Nossos olhos são estruturas sensíveis que nem sempre apresentam sintomas ou alterações quando acometidos por doenças ou síndromes. Assim é com o glaucoma. Inúmeras pessoas convivem com a doença, sem ao menos imaginarem, devido à ausência de sintomas no período inicial da doença. 

A  melhor forma de prevenção é agendar consultas oftalmológicas rotineiramente, realizando o famoso check-up. A primeira suspeita acontece através da medição da pressão ocular, procedimento realizado durante a consulta. 

Além disso, recomenda-se o que chamamos de exame de fundo de olho, em que o médico verifica não só a retina, como também o nervo óptico. Lembrando que a ausência de diagnóstico e tratamento correto, pode acarretar perda total ou parcial da visão. Então, é importante não descuidar.

Qual é a hora certa de procurar um médico?

É importante que não se aguarde até o início dos sintomas para procurar um médico. Como já mencionamos, no princípio a doença pode ser assintomática, e podemos não perceber mínimas alterações que, para um oftalmologista, não passariam desapercebidas.

Consultas de rotina anuais com esse profissional, além de fornecer informações importantes e atualizadas sobre a saúde dos olhos, ajudam na prevenção e no diagnóstico precoce, tanto do glaucoma quanto de outras doenças oculares.

Uma vez sob os cuidados de um oftalmologista, devemos nos atentar para os cuidados prescritos, usar regular e constantemente o colírio e realizar exercícios com segurança, podendo estes últimos ajudar na redução da pressão intraocular.

Como o glaucoma tem um traço genético, conhecer o histórico da sua família e informar parentes próximos caso você tenha a doença também são medidas efetivas para uma triagem melhor de quem tem um risco elevado.

Qual é o tratamento e as principais recomendações dos especialistas

O glaucoma não tem cura, mas a progressão da doença pode ser controlada por um profissional experiente na área. Inicialmente, o tratamento é feito com colírios específicos, que devem ser recomendados pelo oftalmologista de acordo com o tipo da doença.

Para os casos agudos e emergenciais — ou seja, de glaucoma de ângulo fechado — existem medicamentos de via oral. Para o glaucoma de ângulo aberto, é necessário o uso de colírio para toda a vida, já que ele é crônico.

Além disso, é preciso um acompanhamento ininterrupto com o oftalmologista para o controle da doença. Afinal, um tratamento inadequado ou a falta dele podem evoluir o quadro para a perda total da visão.

Cirurgia

O mais comum é que o procedimento cirúrgico seja enxergado como última opção, quando o tratamento clínico não surtiu os efeitos desejados. Isso porque, embora sua taxa de sucesso seja alta (acima de 75%), ela pode trazer algumas complicações, como sangramentos e infecções, por se tratar de uma técnica mais invasiva.

Seu objetivo é criar um sistema de drenagem para o humor aquoso, diminuindo a pressão intraocular e impedindo a evolução da doença. Atualmente, os principais tipos de cirurgia são:

  • Trabeculectomia — mais comum, caracterizada pela abertura de um pequeno orifício cujo objetivo é facilitar a drenagem de fluido do olho para uma “bolsa” criada durante a cirurgia do glaucoma. O procedimento é feito com anestesia local e dura cerca de 40 ou 50 minutos;
  • Trabeculoplastia a laser — utiliza um laser para estimular a cicatrização e facilitar o escoamento do líquido. Seus resultados podem demorar de 1 a 3 meses para serem percebidos;
  • Implante de tubos de drenagem — uma alternativa aos pacientes que não obtiveram sucesso com os métodos cirúrgicos anteriores. É uma cirurgia de implantação de um dispositivo que facilitará a drenagem do líquido intraocular.

Valores da cirurgia de glaucoma

Assim como qualquer outro tipo de procedimento cirúrgico, o preço da cirurgia de glaucoma depende de diferentes fatores. Alguns deles são:

  • Experiência e reputação do cirurgião;
  • Localização da cirurgia;
  • Técnica de cirurgia. 

Se você mora no Rio de Janeiro, a média do valor da cirurgia de glaucoma é de R$5.000. No entanto, o valor final dependerá muito da avaliação do oftalmologista. 

Porém, tenha em média que os valores podem mudar muito de acordo com os itens que listamos. 

Cuidados necessários com a cirurgia de glaucoma

Saber a média de preço da cirurgia de glaucoma é importante se você precisa realizar o procedimento. Entretanto, aqui estão mais algumas questões que você deve ter muita atenção em relação à cirurgia. 

Pré-operatório

No dia da cirurgia de glaucoma é fundamental que os pacientes sigam todas as solicitações do médico oftalmologista, incluindo:

  • Fazer todos os exames solicitados;
  • Não se alimentar e nem beber água, exceto em casos liberados pelo médico;
  • Ir para a clínica com um acompanhamento (maior de 18 anos). 
  • Pós-operatório

Para ter um bom resultado da cirurgia de glaucoma, é fundamental que o paciente siga todas as recomendações do cirurgião. Algumas delas são:

  • Aplicar o colírio indicado por até 30 dias;
  • Higienizar bem a região até que volte ao normal;
  • Tomar cuidado para que a área operada não seja lesionada;
  • Ir às consultas de acompanhamento médico. 

Será que existem riscos em se submeter a cirurgia de glaucoma? 

Se essa é a sua dúvida, saiba que sim, existem riscos, assim como em outros procedimentos cirúrgicos. 

De modo geral, as técnicas para cirurgia de glaucoma são seguras. No entanto, é fundamental que você converse com um profissional sobre os riscos, de acordo com a sua necessidade 

No entanto, o principal risco da cirurgia é que ela não consiga evitar que o glaucoma continue se desenvolvendo após o procedimento ser realizado. Em outras palavras, o glaucoma pode ser controlado com cirurgia, mas existe o risco que isso não aconteça. 

Além disso, também existem outros riscos, como:

  • Edema de córnea;
  • Picos de pressão;
  • Uveíte (doença inflamatória), entre outros riscos. 

Todas as questões citadas acima estão diretamente relacionadas a escolha do cirurgião que realizará a sua cirurgia de glaucoma, bem como o preço da cirurgia de glaucoma em si. 

É essencial que você encontre uma clínica e especialista confiável, que seja reconhecido no mercado por oferecer atendimento e procedimentos seguros e eficazes. 

Descoberta precoce é a solução

O glaucoma é uma doença séria e que precisa de muitos cuidados. Apesar de não poder ser prevenido, ele pode ser descoberto de maneira precoce e, assim, os sintomas são diminuídos. 

Fazer exames com frequência e cuidar da qualidade de vida são algumas formas de amenizar essa situação.

Agora, para sanar quaisquer outra dúvidas sobre o Glaucoma, confira abaixo os mitos e verdades ele.

Mitos e verdades sobre glaucoma 

Ter casos na família aumenta algumas vezes a chance de desenvolver glaucoma: 

VERDADE. Estudos comprovam que ter familiares com glaucoma, principalmente de primeiro grau, é um fator de risco importante. Se você tem histórico na família, redobre a atenção.

A doença não acomete crianças: 

MITO. É fato que a doença acomete principalmente idosos acima dos 60 anos, mas também pode se manifestar em jovens, crianças e até mesmo recém-nascidos, conhecido como glaucoma congênito. O recém-nascido, portador da doença, apresenta os olhos grandes e muito lacrimejantes.

O risco de sofrer com glaucoma aumenta com a idade: 

VERDADE. Inclusive a partir dos 40 anos, orienta-se ainda mais atenção. Além disso, quando o paciente começa a usar óculos, não deve comprá-los em bancas nas ruas. A questão não é só enxergar bem, mas detectar possíveis problemas oculares, muitas vezes, graves. 

Se não houver tratamento, o glaucoma pode levar à cegueira: 

VERDADE. Pode levar, inclusive, à cegueira total. Porém, a partir do diagnóstico e do tratamento correto, a doença pode ser controlada. 

O paciente uma vez tratado estará curado do glaucoma: 

MITO. O tratamento visa o controle da pressão intraocular para controlar o seu avanço. Podem ser colírios associados a medicamentos ou procedimentos cirúrgicos. Em alguns casos, haverá necessidade de cirurgia quando o tratamento não controla adequadamente a doença. 

 A cirurgia do glaucoma traz de volta a visão perdida: 

MITO. A cirurgia do glaucoma não reverte as lesões já causadas pela doença, mas controla a pressão ocular para evitar ainda mais o seu avanço. A visão que já foi afetada não tem melhoria a partir da cirurgia.

O glaucoma acontece somente quando a pressão ocular se encontra elevada: 

MITO. Na maioria das vezes, o glaucoma se deve ao aumento da pressão ocular. No entanto, existem casos que mesmo apresentando pressão ocular elevada, não desenvolvem glaucoma, assim como pacientes que manifestam a doença apesar da pressão ocular dentro da normalidade.

Glaucoma tem cura: 

MITO O glaucoma não tem cura, mas pode ser controlado. Por isso a importância do rígido cumprimento do tratamento. 

A única maneira de saber se tenho glaucoma é consultando um médico oftalmologista: 

VERDADE. Sem exames oftalmológicos, não há como estabelecer um diagnóstico seguro. 

Enfim, podemos resumir que compreender o que é glaucoma, entender suas principais características, identificar os sintomas precocemente e não adiar a visita ao médico são primordiais para um melhor controle desta doença.

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Drª. Amanda Straub

Drª. Amanda Straub

Graduada em Medicina pela Faculdade Souza Marques. Durante sua vida acadêmica, participou de dezenas de congressos e simpósios, no Brasil e no exterior, e ministrou diversas aulas sobre Oftalmologia. Veja informações sobre sua experiência na área.

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